•  Economia Costeira, Recursos Naturais e Ambientais, Valoração Ambiental e Políticas Públicas.

Durante muito tempo, à categoria do "Econômico" entendia-se como aquela referente ao conjunto de relações estabelecidas pelos homens em suas atividades de produção, de consumo e de troca. Neste contexto, o Meio Ambiente era considerado como uma "realidade externa" ao objeto da Economia. Nos últimos tempos, essa concepção de Econômico veio sendo modificada, face a uma inerente evolução científica nesse campo de conhecimento, propiciando a integração do Meio Ambiente à Economia, tanto em termos conceituais como em termos de ferramentas (numa perspectiva analítica). Em Economia Ambiental, essa discussão passa pela atribuição de preço ao meio ambiente, aos recursos naturais, uma vez que eles sempre foram considerados bens gratuitos. Para sair dessa concepção de gratuidade, passa-se a valorar o Meio Ambiente, atribuindo-lhe um preço. Uma outra forma de observar esse tema passa pela discussão de como os impactos ambientais podem ser mensurados, ou seja, como determinar valores do meio ambiente que expressem os custos de degradação e de exaustão.

Nesta linha de pesquisa, há a preocupação quanto ao conhecimento das políticas públicas e seus efeitos sobre o uso dos recursos naturais. Releva-se a questão de direitos de propriedade, livre acesso, bens públicos, que merece atenção no âmbito da discussão política. Assim, propõe-se o entendimento, caracterização e estudo das políticas públicas que atuam incentivando a exploração dos recursos naturais e ambientais, dos bens e serviços ambientais, bem como aquelas que atuam regulamentando seus usos, ressaltando o caráter racional e sustentável da exploração.

São temas básicos nesta área de estudo, direcionados a regiões de zonas costeiras e marinhas: - a abordagem teórica da Economia Ambiental (metodologias de valoração econômica do meio ambiente, economia da poluição e economia dos recursos naturais); - a ênfase ao estudo da política pública, com análises e avaliações direcionadas a propostas de políticas públicas alternativas, que atendam metas e ações orientadas para o melhor uso dos recursos naturais, considerando a sustentabilidade desses recursos.


  • Mudanças Globais, Zonas Costeiras e Análise Econômica.

Esta área de estudo procura evidenciar as Mudanças Globais e analisar seus efeitos sobre as Economias de Zonas Costeiras. Na UPEC têm sido desenvolvidos estudos mais específicos, analisando impactos de mudanças climáticas afetando a economia da pesca e por conseqüência, trazendo efeitos multiplicadores de renda e riqueza sobre comunidades pesqueiras e toda a população afetada. Numa abordagem mais detalhada, o texto abaixo caracteriza a essência destes estudos com foco em economia pesqueira e mudanças climáticas.

 

Economia Pesqueira, Ecossistemas Costeiros e Marinhos, Mudanças Globais e Dimensão Humana

 

Mudanças globais e variabilidade climática são temas de discussão atual no cenário mundial. A pesca é uma atividade fortemente afetada por estas mudanças climáticas. Por exemplo, no caso de mudanças em escala interanual como o El Niño, populações de peixes podem ser afetadas por alterações na distribuição padrão das espécies migratórias. Estes efeitos implicarão diretamente na reprodução e recrutamento de espécies, refletindo em seu ciclo de vida; mudanças na atmosfera tais como vento, por exemplo, podem influir sobre as mudanças nos blooms de fitoplancton, podendo resultar em queda na produtividade biológica, produtividade pesqueira e perda da biodiversidade. Como conseqüência, em termos de dimensão humana, estes impactos afetarão a produtividade industrial, a geração de emprego e renda no setor pesqueiro, produzindo forte impacto sobre a sociedade.

Alterações na pesca, advindas de mudanças climáticas, afetarão a economia de um setor que já depende de recursos sobreexplotados. Entre os impactos esperados, os efeitos sobre as pescarias de subsistência e de pequena escala podem ser devastadores, pela falta de mobilidade e alternativas tecnológicas, sendo estas freqüentemente as mais dependentes de recursos costeiros e estoques marinhos. Estes estoques comumente se reproduzem em água doce ou requerem água de baixa salinidade estuarina para se desenvolverem, e são susceptíveis a mudanças em níveis de precipitação devido a mudanças climáticas. Assim, tais impactos afetam diretamente pescadores, comunidades pesqueiras, e a sociedade local/regional em termos de aspectos sociais e econômicos.

Com esta ampla interação entre a economia da pesca, a dimensão humana, a dinâmica dos ecossistemas costeiros e marinhos e as mudanças globais influindo na natureza destas variáveis, esta linha de pesquisa propõe um maior entendimento destas relações e auxiliar com estudos e metas voltadas à mitigação de impactos negativos para o ambiente e a sociedade.

 

  • Economia Pesqueira

Nesta área são utilizados conhecimentos da teoria econômica e da economia dos recursos naturais para que sejam geradas análises econômicas quanto à exploração dos recursos pesqueiros, do pescado como produto competitivo, analisando-o sob diferentes dimensões de mercados (produtores, consumidores, internos e externos). Também, são estudados os custos incorridos nos diferentes segmentos da cadeia produtiva de diferentes espécies de pescado (na captura, no processamento, na comercialização).

São estudados conteúdos teórico-econômicos básicos, contextualizando-os sob a ótica dos recursos naturais, em específico o recurso pesqueiro, de forma que esse possa sofrer ação de políticas de manejo racionais, assegurando a sua exploração econômica com sustentabilidade social e ambiental.

Com conhecimento das políticas públicas atuante no desenvolvimento da atividade pesqueira, busca-se analisar os impactos destas políticas no desenvolvimento desta atividade, os efeitos e conseqüências destas políticas em termos de sustentabilidade do recurso pesqueiro e da economia da pesca.